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Para se ver o horizonte é preciso sair do lugar fechado ou ao menos abrir uma janela que nos permita descortinar o caminho em frente. Mais ainda quando se trata daquilo que Márcio Paiva, no prefácio do livro Inflexões éticas, muito bem denomina o horizonte do outro.
Não pretendia escrever sobre o Coronavírus, mas a realidade me obriga a fazê-lo. Hoje, exatamente agora, dia 17 de março, ao meio-dia, enquanto escrevo, estamos entrando em confinamento total aqui na França.
“A nossa comunhão poderá um dia afetar a comunhão maior”, com essas palavras um ativista católico gay defende, em um evento religioso, a necessidade de forjar alianças entre diferentes movimentos, coletivos e igrejas que encabeçam a luta pela cidadania religiosa LGBTI+ e pela ampliação de espaços seguros de fé para essa população.
No último mês de Janeiro, o Instituto Datafolha publicou uma pesquisa que traz novos dados acerca das religiões no Brasil. O trabalho apresentou números importantes sobre as mudanças no quadro religioso do país – como se verá adiante.
No que se refere à distribuição do eleitorado religioso no segundo turno das eleições de 2018, Fernando Haddad (PT) só obteve vantagem entre fiéis de segmentos afro-brasileiros.
O fetiche, entre outros aspectos, anuncia o desejo constituído pelas narrativas hegemônicas e que, de modos múltiplos, sutis e refinados, mantém as cenas sociais, afetivas, políticas, religiosas etc. “ordenadas”.
“Lembra-te que és pó e ao pó voltarás.” Escrevemos este texto no dia em que, institucionalmente, se inicia o grande retiro quaresmal, que pretende preparar cristãos de diversas denominações para Páscoa.
Desde que a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira anunciou o samba enredo para o desfile do Carnaval de 2020 no Rio de Janeiro o povo da religião se alvoroçou.
Pensar o racismo é considerar a existência de uma estrutura que tece, de modo profundamente violento, as nossas relações. O apego à raça está embebido pelo desejo destrutivo contra os que são marcados como os outros.
Para certos leitores, falar em direitos, justiça social, democracia, defesa de pessoas fragilizadas, pensar um sistema com melhor distribuição de renda, criticar posturas racistas, homofóbicas, etc. seria sinônimo de marxismo ou estaria no espectro político da esquerda.
Por se tratar de minha primeira coluna por aqui, me vejo no direito e na obrigação de me apresentar e estabelecer o meu “lugar de fala”, como bem recomenda a filósofa Djamila Ribeiro.
No Carnaval de 2020, essa palavra de Jesus no evangelho (Jo 8, 33) vai ressoar em tom de samba-enredo de escola de samba e, a partir do Sambódromo, vai ganhar o mundo inteiro pela voz da Mangueira, a escola da Estação Primeira que mais uma vez une a defesa da vida à alegria e ao direito do povo brincar.