Queremos, nesse sentido, refletir sobre o impacto de desconsiderar o humor, bem como as outras construções estéticas como discurso e, por consequência, como lugar de reprodução de valores, normas, estigmas, precarização de identidades e de crenças.
Racismo
Vidas negras, femininas, quilombolas, pindorâmicas, LGBTQIA+ são oferecidas todos os dias no Brasil e isso nunca foi ao STF com tanta veemência.
A dimensão do racismo religioso extrapola as características fenotípicas do indivíduo, ou seja, mesmo que compreendido enquanto pessoa branca, o mesmo sofrerá com a operação do jugo racista.
Peço licença para falar. Antes de ser intelectual, sou mulher negra praticante do Tambor de Mina.
No período colonial, a estruturação religiosa no Brasil foi imposta pela Coroa Portuguesa através dos processos alicerçados numa economia escravista e a constante busca por territórios aliados ao catolicismo.
O plano branco perfeito conseguiu desqualificar enquanto seres humanos os africanos escravizados e seus descendentes, implantar no imaginário popular a demonização de todas as religiões oriundas de África.
Especificamente na colonialidade a la Brésil, as religiões de matriz africana são o alvo certeiro do imperativo da supremacia branca.
O racismo é o culto ao ódio, o culto à satanização do corpo preto com vistas à produção da necessidade de um salvador. Mas a questão que fica é: quem salvará todos que sofrem com o racismo?
O fetiche, entre outros aspectos, anuncia o desejo constituído pelas narrativas hegemônicas e que, de modos múltiplos, sutis e refinados, mantém as cenas sociais, afetivas, políticas, religiosas etc. “ordenadas”.
Pensar o racismo é considerar a existência de uma estrutura que tece, de modo profundamente violento, as nossas relações. O apego à raça está embebido pelo desejo destrutivo contra os que são marcados como os outros.