Denunciar o racismo religioso enquanto tecnologia de destruição, como um sonar que é ativado quando se escuta um atabaque ou quando se vê uma divindade que dança e, ao mesmo tempo, emana o seu axé, faz parte de uma nova anunciação, uma ampliação dos quadros referenciais sobre o que pode ser reconhecido enquanto o vivível.
Racismo Religioso
As discussões antirracistas se intensificam e, de modo profundo, implodem as engrenagens de subalternização que foram forjadas contra os corpos negros. Colocar em evidência a marginalização que compõe a engenharia social, epistêmica, estética, política e, como objeto de nossas investigações, religiosa, faz com que nós estejamos atentos e atentas aos processos de desumanização que se intensificam para destruir os sujeitos negros.
Curadoria: Thiago Teixeira
O racismo é o culto ao ódio, o culto à satanização do corpo preto com vistas à produção da necessidade de um salvador. Mas a questão que fica é: quem salvará todos que sofrem com o racismo?
Especificamente na colonialidade a la Brésil, as religiões de matriz africana são o alvo certeiro do imperativo da supremacia branca.
O racismo é o culto ao ódio, o culto à satanização do corpo preto com vistas à produção da necessidade de um salvador. Mas a questão que fica é: quem salvará todos que sofrem com o racismo?
Em julho de 2019, a Juventude Batista Brasileira (JBB) promoveu o Despertar 2019, evento de quatro dias realizado na Igreja Batista Atitude, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Os negros que deram origem à Festa de Nossa Senhora do Rosário em Minas, eram a maioria de origem bantu, originários do sul da África principalmente de Angola, Congo e Moçambique.
Mas, ao visualizarmos a estrutura social maior, para além da organização interna dos terreiros, quais seriam os significados da existência de mulheres negras na linha de frente dessas religiosidades na contemporaneidade?
O que teria a Psicologia a contribuir para refletir sobre esse processo de apagamento?
Enquanto dentro dos muros do Vaticano os bispos, padres, religiosos, algumas mulheres e alguns representantes de povos amazônicos estavam reunidos na Assembleia do Sínodo para a Amazônia.
O plano branco perfeito conseguiu desqualificar enquanto seres humanos os africanos escravizados e seus descendentes, implantar no imaginário popular a demonização de todas as religiões oriundas de África.
No período colonial, a estruturação religiosa no Brasil foi imposta pela Coroa Portuguesa através dos processos alicerçados numa economia escravista e a constante busca por territórios aliados ao catolicismo.
A esse respeito, observamos que uma parcela do clero negro é alienada em relação a cultura afro-brasileira, assim como parte do clero branco não é menos alienada.
Associar seres sagrados da Umbanda e do Candomblé ao diabo cristão é uma falácia, um discurso empobrecido, ou seja, uma comunicação carregada de intolerância e difamação.
Abordar temas associados à diversidade e a desconstrução de conceitos pré-estabelecidos via senso comum tem sido cada dia mais difícil em muitas escolas.
O racismo é, em linhas gerais e sem entrar no aspecto jurídico que distingue o racismo da injúria racial, é a ideia de que, a partir das diferenças biológicas e culturais existentes entre grupos humanos, podemos concluir que existem grupos humanos inferiores e outros superiores.
A religiosidade moral não é ‘supostamente hegemônica”, ela divide junto com as instituições a perspectiva de dominar a narrativa universal que se sobrepõe uns sobre os outros, porque partem de modelos individuais e não coletivos como as denominações de matriz africana, por exemplo, que se configuram como ethos e não religião.