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Há vida depois da Igreja… e continuamos a viver

Há vida depois da Igreja… e continuamos a viver

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Meu texto é em tom bastante pessoal. Além de ser editor da Revista Senso, sou estudante de doutorado em Ciências da Religião, editor de alguns livros do André, co-autor em livro organizado por ele, ele faz parte de minha banca, fui seu aluno e o considero um amigo. 

Conheci, primeiramente, o autor. Seu livro “Uma brecha no armário” ( CEBI/Fonte) me causou interesse por estudar religião e gênero. Depois li Via(da)gens teológicas e, nessa época o conheci. A partir dali a relação cresceu e pude trabalhar em suas obras “Nem santo te protege”, “viado não nasce, estreia, não morre, vira purpurina”, “Que comece a festa: o filho pródigo e os homens gays”, “ Fazemos a teologia que podemos”.

O livro que mais me impactou foi o que hora é lançado, neste dia de sua consagração pastoral: “Há vida depois da Igreja”, talvez por também ter sido um dia recusado para o ministério presbiteral na Igreja Católica. Lendo o livro, pude sentir proximidade e, ao mesmo tempo, ser solidário ao André.

Na obra o autor relata sua experiência como estudante de teologia e aspirante ao ministério pastoral na Igreja Evangélica de Confissão Luterana. O autor conta e avalia seu percurso, suas experiências, sobretudo de de se dedicar, desde a graduação, não somente aos estudos sobre religião e pessoas LGBTQIA+, fazendo uma hermenêutica mais que libertadora, indecente da fé cristã, mas também na militância pelos nossos direitos sociais.

O livro escancara a hipocrisia das instituições religiosas que dizem acolher as pessoas LGBTQIA+ mas não se furtam de emitir documentos oficiais dizendo que acolhem o pecador(sic) mas repudiam o pecado (sic). André, sem ódio e sem medo, conta as idas e vindas do processo de sua não ordenação como pastor luterano, sem que lhe dissessem, de fato, a causa da recusa, que não é outra senão a homofobia.

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A própria trajetória de André como teólogo é Vida que transborda apesar das instituições. Vieram desafios de trabalho, mestrado, doutorado, mas sobretudo suas obras, ao chegarem à mão de pessoas LGBTQIA+ abrem a elas a possibilidade de viver suas crenças religiosas apesar da hipocrisia e das opressões das instituições religiosas.

A leitura de “Há vida depois da Igreja” possibilita um mergulho nesse universo, dos violentos silêncios institucionais, mas da força das pessoas em transbordarem em vida.