A busca pela palavra “espiritualidade” tem crescido nos sites de pesquisa como o Google. Graças a tecnologia essa discussão está presente para além das instituições religiosas, mas isso não as excluem.
Espiritualidade: o conceito e o vivido
Religião e espiritualidade são conceitos que parecem fáceis de serem definidos, sobretudo por dizerem de experiências próximas a nós, mesmo que essas não nos toquem pessoalmente — no caso da religião. No entanto, essa tarefa limitadora que constitui a definição vai se tornando difícil à medida em que deparamos com diferentes perspectivas sobre o fenômeno religioso e as vivências de espiritualidade.
Curadoria: Ana Carolina Kerr Neppel e Jonathan Félix de Souza
O que caberia às Ciências da Religião? Ela possuiria uma perspectiva específica em relação às demais áreas de conhecimento?
A espiritualidade não versa necessariamente sobre uma religião e pode ser desenvolvida por sujeitas e sujeitos que se encontram e que não se encontram dentro desses espaços institucionalizados da fé.
Uma capacidade humana de se perceber, se situar, se integrar (consigo, com outro e o mundo) e se comprometer com o meio em que vive, criando projetos de vida abertos, inacabados em constante processo de construção.
Durante muitas décadas, estudos da psiquiatria encaravam experiências religiosas mais profundas (visões, êxtases, iluminações etc.) como oriundas de distúrbios mentais ou de desordem psíquica.
No trabalho em psicologia, por outro lado, esse tema não pode ser evitado. Pelo menos não por muito tempo. A religiosidade faz parte da vida de mais de 90% das pessoas no Brasil, e obviamente esse vai ser um tema relevante para quem busca ajuda profissional.
A espiritualidade fala em amor agápico, ou seja, amor de predileção. Amor como opção revolucionária que se expressa em ternura solidária. Por isso, na Bíblia, a comparação mais comum da união com o Divino são a transa sexual e o orgasmo.
Com a proposta de uma espiritualidade mais pragmática, “mágica”, mesclando aspectos sincréticos de outras religiosidades, menos dogmática e restritiva na conduta ética, propondo o bem-estar da saúde e realização financeira, de uma realidade atravessada por uma guerra espiritual.
Aespiritualidade no cristianismo é um caminho para a santidade; não a dos altares, mas a da vida cotidiana, que entende ser santo não como mérito da corrida, mas como qualidade de caminhada.
Kardec democratiza e dessacraliza o contato com o espiritual, tornando as relações com os Espíritos algo horizontal, porque são seres humanos desencarnados e nós somos Espíritos encarnados. Adoração, em espírito e verdade, sem culto ou templo, só a Deus.
Uma realidade do Hinduísmo em todos os seus caminhos: sempre há um esforço constante, uma prática diária, um lembrar-se contínuo sobre a nossa verdadeira natureza espiritual, posição e responsabilidade em relação a esta criação, aos demais e ao Divino.
Ao falarmos em espiritualidade sem religião, não pretendemos defender alguma atitude de crítica ou de recusa do legado das instituições ou das tradições religiosas constituídas.
Quando esse termo espiritualidade entra em pauta, logo tem-se a ideia de que ele é relativo a algo exclusivo do campo da religião.
Uma casa de estudos, um espaço de construção de saberes, em que a perspectiva é a de harmonizar as conexões que a vida faz entre o SER – que representa aquele que precisa ser encontrado pra que, na sua descoberta, desperte e construa autonomia e o PERTENCER – que representa a condição na qual o ser é formado em todas as dimensões da vida – corpo, mente, emoções, crenças e identidades.