E quando o assunto é religião, é preciso abrir mais o campo de visão para ouvir outras vozes – aliadas, inclusive. As suas intuições e reflexões sobre monoteísmo (e seus males), sobre a forma como a Bíblia é (mal) lida e (mal) falada – especialmente por fundamentalistas – e a relativização da noção de pecado são muito pertinentes. Mas o caminho que você percorre em cada um desses temas é deveras problemático.
LGBTI
E agora esta é uma das grandes crises institucionais, se não a principal, que Francisco está tendo que administrar desde o início de seu pontificado: fazer com que seu clero homossexual não dê tanta pinta.
Jesus encontrou o amor. E manifestou o amor. E se tornou o amor. Desmandar o sexto mandamento implica em, antes de qualquer coisa, uma abertura para tocar no tema. O suicídio não pode ser uma temática que nos mantém reféns de nossos armários.
No clipe, Adão mesmo julgado e condenado, expressa sua sexualidade, nem que seja no inferno. Como se diz no Brasil: no vale. Ir para o inferno é uma fala comum infelizmente destinada à comunidade LGBTQIA+ pelos cristãos. No clipe, Adão saiu de um lugar de repressão – o paraíso heterossexual – e, no inferno, torna-se livre chegando assim no verdadeiro e real paraíso – a liberdade de ser quem se é.
Uma epistemologia da intimidade, da nudez, da implosão da privacidade. Sempre há algo que é só meu, um pedaço da história que é só minha e que coloco à mostra.
Entendemos que as tentativas de ridicularizar os esforços de sujeitos negros e LGBTQIAP+ por serem reconhecidos, numa realidade política que asfixia a sua presença, revelam o quanto sujeitos que se beneficiam desse jogo de aniquilação, na verdade, se escondem atrás de projetos de poder altamente genocidas.
O descanso é um conceito-chave para minha proposta de uma epistemologia queer. E, já que é para desmandar o quarto mandamento, o sábado também pode ser um conceito-chave para uma epistemologia queer!
O Brasil foi sacudido (contem ironia) pela notícia de que o governador do Rio Grande do Sul – Eduardo Leite – saiu do armário, assumiu que é gay e que tem orgulho disso.
Hoje celebramos a diversidade sexual e de gênero no contexto do mês do orgulho LGBTQIA+. O primeiro motivo para celebrar essa diversidade e afirmar esse orgulho é justamente a sua negação.
É uma contradição escandalosa: Igrejas cristãs que deveriam ser sacramentos de humanização amorosa legitimam discriminações e violências. Se querem mesmo ser instrumentos de amor e unidade da família humana, as Igrejas têm obrigação de reconhecer, respeitar e valorizar a identidade sexual e a orientação de gênero de todas as pessoas.