No clipe, Adão mesmo julgado e condenado, expressa sua sexualidade, nem que seja no inferno. Como se diz no Brasil: no vale. Ir para o inferno é uma fala comum infelizmente destinada à comunidade LGBTQIA+ pelos cristãos. No clipe, Adão saiu de um lugar de repressão – o paraíso heterossexual – e, no inferno, torna-se livre chegando assim no verdadeiro e real paraíso – a liberdade de ser quem se é.
Gênero
Entendemos que as tentativas de ridicularizar os esforços de sujeitos negros e LGBTQIAP+ por serem reconhecidos, numa realidade política que asfixia a sua presença, revelam o quanto sujeitos que se beneficiam desse jogo de aniquilação, na verdade, se escondem atrás de projetos de poder altamente genocidas.
A religião está diretamente relacionada à forma como os papeis de gênero são construídos na sociedade.
A marginalização de algumas formas de existências se fixa dentro de diferentes aparatos de poder promovendo uma destituição da fala de sujeitos que, à medida em que perdem suas vozes, perdem cor e corpo.
Falar em teologia queer, então, é falar desse constante desnudamento necessário no interior da própria Teologia da Libertação.
Em artigo intitulado Por mais viadagens teológicas, André Musskopf afirma que, além da religião ser um dado da cultura, “não há como pensar a cultura sem pensar na forma como as diferentes expressões religiosas se materializam como manifestações culturais” (2015, p. 35).
A Educação tem sido campo de disputa discursiva, envolvendo as questões de gênero, sexualidade e moralidade, de maneira mais acentuada, desde a década de 1990.
Portanto, cabe questionarmos: se gestos e atos de fala podem realizar a transubstanciação do pão em corpo de Cristo, por que não poderiam também participar ativamente da performatividade histórica da suposta verdade dos gêneros e da sexualidade?
Assistimos nos últimos anos à emergência de um discurso reacionário que, entre outras coisas, afirma…
A forma de se professar a fé não pode, e nem deve, incitar ao ódio e à violência.