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Seguidores do método. Metódicos. Metodistas.

Seguidores do método. Metódicos. Metodistas.

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Assim foram chamados os jovens integrantes do chamado “Clube Santo”: o grupo de reuniões na Universidade de Oxford que deu origem ao movimento que viria a inspirar uma tradição cristã com cerca de 80 milhões de adeptos ao redor do mundo.

Desde seu início, o movimento metodista é inseparável das juventudes. Muitos dos maiores nomes da história do metodismo foram jovens ativos na fé e no trabalho, e as juventudes sempre foram alvo importante da atuação externa da igreja. Os irmãos John e Charles Wesley, tidos como os fundadores das doutrinas metodistas, eram jovens quando deram origem ao movimento. Historicamente, muitas das principais atividades realizadas pelos metodistas têm como foco as juventudes e essa é uma herança ainda hoje carregada pelas igrejas metodistas ao redor do mundo.

Apesar de ter suas origens no Reino Unido, o metodismo se consolidou como denominação protestante nos Estados Unidos da América, após a independência do país, e, portanto, após o rompimento de vários fiéis com a Igreja Anglicana. A expansão da denominação ao redor do planeta aconteceu em grande parte devido ao trabalho missionário primariamente realizado por jovens dos EUA, que deu origem também à Igreja Metodista do Brasil.

Burocraticamente, a Igreja Metodista do Brasil se organiza em “grupos societários” autogeridos: juvenis (12 a 17 anos), jovens (18 a 35 anos), homens e mulheres (acima de 35 anos). Assim, a organização interna das juventudes metodistas é realizada por jovens e para jovens, com o foco na construção da igreja metodista e do Reino de Deus.

A organização das igrejas metodistas, me orgulho em dizer, se pauta na democracia. As decisões tomadas não são feitas por um clero distante, mas têm participação representativa efetiva dos membros leigos (sem formação teológica formal), assim como dos clérigos. A valorização do membro leigo é marca do metodismo, e isso se aplica às juventudes. Nossas lideranças, nacionais, regionais e locais, são estabelecidas por meio do voto popular e todo jovem metodista tem o direito de votar e ser votado.

A doutrina metodista elenca quatro importantes fontes para o estudo de teologia, a compreensão da fé e a tomada de decisões: o chamado Quadrilátero Wesleyano. A primeira e mais importante fonte é a Bíblia, as sagradas escrituras, considerada por nós um compilado de escritos inspirados por Deus. A segunda fonte é a tradição: o legado de crenças e práticas que nos deixaram os pais da fé. A razão aparece como terceira fonte, e nos ajuda a aferir com maior critério as revelações da própria Bíblia e compreender a realidade que nos cerca. Além delas, temos a experiência, que dá ao cristão segurança de sua fé e que, embora deva ser sujeita à análise frente as outras 3, não pode ser desconsiderada.

© Arthur Ribeiro. 2015

Com o Quadrilátero em mente, quanto à teologia, nós metodistas acreditamos que a salvação é oferecida a todos os seres humanos, pela Graça de Deus e por meio de Jesus Cristo, e todos os humanos são livres para aceitá-la ou rejeitá-la. A aceitação desta realidade inicia uma jornada de auto aperfeiçoamento, pautada na fé e comprovada pela mudança de comportamento.

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John Wesley pregava que a conversão a Cristo é demonstrada pela prática: a busca incessante pela vida em retidão e as ações de amor ao próximo são testemunho da mudança causada pelo Criador. Por isso, a abstenção do luxo, o auxílio aos empobrecidos e aos doentes, e as visitas aos presos eram práticas comuns dos primeiros metodistas, mantidas até hoje por meio da ação social das igrejas. Hoje, mais do que nunca, as juventudes metodistas são, portanto, convidadas a serem transformadoras: assumirem para si a responsabilidade de serem relevantes nos meios em que estão presentes. Somos convocados a refletir o amor de Deus num momento histórico em que grande parcela do cristianismo falha em fazê-lo.

Citando um de nossos documentos oficiais, “a Igreja Metodista, como parte da Igreja Universal de Jesus Cristo”, é apenas um dentre os infinitos ramos da Igreja de Cristo, e de maneira nenhuma se propõe detentora única da verdade do Evangelho, ou do acesso a Deus. Isto dito, eu, nascido e criado na igreja metodista, não consigo separar a vivência do Evangelho da minha vida na denominação.

Ressaltando a natureza comunitária intrínseca ao cristianismo, reconheço no metodismo, e, especificamente, em minha comunidade de fé, apoios inestimáveis para a caminhada. Seguimos, juntos, em direção a Cristo, e em direção ao próximo.

Foto: Confederação Metodista de Jovens, 2016