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Sobre a vinda do Rei de Ilê-Ifé, Oba Adeyeye Ogunwusi

Sobre a vinda do Rei de Ilê-Ifé, Oba Adeyeye Ogunwusi

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Sexta-feira, dia 15 de junho de 2018, o rei nigeriano de Ilê-Ifé, Oba Adeyeye Enitan Ogunwusi, nos trouxe muita alegria. Na fala de abertura do Evento Narrativas afrodiaspóricas, realizado pela Escola Superior de Direito Dom Helder Câmara, em Belo Horizonte, o Rei apontou a importância de discutirmos sobre os problemas ambientais, bem como sobre o modo com que nós seres humanos nos reconhecemos. A sua fala, então, partiu de uma preocupação ética que, como percebemos, se desmembrou em duas forças desta discussão: a questão ambiental e as relações humanas.

No instante em que entendemos a preservação da natureza como nossa casa, ao mesmo tempo, ela se torna parte importante de nós. Cada indivíduo ao cuidar, respeitar e proteger a natureza se torna cada vez mais zeloso da existência humana, de suas possibilidades e condições de vida.

O Rei, ao apresentar a África como um elo do mundo, mostrou a importância significativa de se reconhecer a importância histórica, social, política e ancestral do continente africano. Para exemplificar tal importância, o mesmo fez menção ao seu local geográfico. Segundo o Rei, a África é o centro do mundo e, mais, “se juntarmos todos os países do globo, a África se torna o seu elo, por estar bem no meio deles”.

Nesta metáfora que requisita o espaço geográfico, nós lemos a importância de fomentar diálogos que coloquem o pensamento, a literatura, a religião, ou seja, todo o panorama de conhecimento, além das perspectivas eurocentradas. Ao fazer menção ao nascer do sol, aos primeiros ventos e aos relatos do nascimento da humanidade, sua Majestade mostrou a importância que merece o continente africano merece.

Além disso, nós entendemos também que a metáfora do centro da terra, também serviu para um propósito ético. Ao afirmar que o começo da vida humana está na África o rei, com toda força e sensibilidade, coloca todo sujeito humano num mesmo horizonte de dignidade. Pois sua perspectiva se sustenta na compreensão de que há um criador supremo e ele fez o mundo e nós, de forma de orgânica, portanto, nós fazemos parte da natureza de maneira igual.

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Em suma, é possível dizer que a fala do Rei de Ilê-Ifé, Oba Adeyeye Ogunwusi, se estruturou em dois eixos centrais: na preservação do meio ambiente e na promoção do amor como garantia de um mundo menos desigual e violento.

Nesse sentindo, a sua compreensão deixa entrever que o mundo e a natureza são a nossa casa e que precisamos cuidar dele, de nós e dos outros, como uma grande família. Esse exercício deve ser um exercício de amor, pois como afirma o rei, “só o amor nos traz paz.”.

Foto: Cássia Maia / DomTotal