Denunciar o racismo religioso enquanto tecnologia de destruição, como um sonar que é ativado quando se escuta um atabaque ou quando se vê uma divindade que dança e, ao mesmo tempo, emana o seu axé, faz parte de uma nova anunciação, uma ampliação dos quadros referenciais sobre o que pode ser reconhecido enquanto o vivível.
O fetiche, entre outros aspectos, anuncia o desejo constituído pelas narrativas hegemônicas e que, de modos múltiplos, sutis e refinados, mantém as cenas sociais, afetivas, políticas, religiosas etc. “ordenadas”.
Pensar o racismo é considerar a existência de uma estrutura que tece, de modo profundamente violento, as nossas relações. O apego à raça está embebido pelo desejo destrutivo contra os que são marcados como os outros.
A liberdade é um dos temas que mais inquieta filósofas e filósofos. A sua realidade parece ser algo tangível, mas, ao mesmo tempo, difícil de explicar.
O silêncio pode ser considerado, em muitos casos, um dos instrumentos mais eficazes na manutenção do poder e do controle. Silenciar, nesse sentido, indica um processo de retroalimentação das normas instituídas e que emanam daqueles que se compreendem como os únicos legitimados a dizer, a se manifestar e a ocupar, com prestígio, os espaços simbólicos e concretos.
As alianças acompanham os processos pelos quais nos tornamos humanos. É possível dizer que a nossa humanidade é fruto da repetição, da constituição discursiva e valorativa que, aos poucos, dão forma à nossa realidade.
Algumas pessoas julgam desnecessário trazer à luz a discussão sobre o racismo religioso. Para elas, não faz sentido dizer que há racismo nessa modalidade e que a preocupação que gira em torno da intolerância religiosa abarcaria todas as questões que materializam o ódio em relação às diferentes experiências religiosas.
Atualmente nós somos atravessados por disputas políticas que desejam o monopólio representativo sobre a realidade.
Embora o desejo de criar uma cortina de fumaça sobre as estruturas e os eventos de violência tenha se tornado cada vez mais usual, fica difícil negar a realidade a ponto de escamotear os efeitos mais densos e perversos de violência que contornam os nossos processos representativos de mundo.
O perverso é aquele que empreende terror e destruição. Os elementos que este personagem usa para subjugar podem estar à mostra, ou não.