A Jurema Sagrada é uma prática espiritual largamente difundida na zona da mata da Paraíba e Pernambuco, mas que tem em Alhandra (PB) uma referência fundamental.
Edição 11
Um espaço construído a partir de investimentos simbólicos e materiais que tem como principal função mediar o contato entre o mundo dos homens e o mundo místico no qual vivem os mestres, mestras, reis, encantados, caboclos, pretos-velhos e outros espíritos desencarnados.
E assim, se dá o desfecho do ponto cantado que firma a presença de uma das Mestras mais lembradas e referenciadas nas casas e rodas de Jurema de Pernambuco e Brasil a fora.
De repente, baixa Malunguinho, autoridade máxima da Jurema Sagrada. Chamado de Reis, no plural mesmo, rompe não só com a singularidade, mas com as fronteiras das atribuições específicas ao ser símbolo coletivo e concomitante, também, de trunqueiro, caboclo e mestre.
A jurema sagrada é remanescente da tradição religiosa dos indígenas que habitavam o litoral dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e o Sertão de Pernambuco.
A ciência ancestral herdadas dos povos originários (índios e africanos) permitiu que esta religião, e todo o seu complexo cultural, pudesse ser utilizada como ferramenta de formação educacional para as crianças pertencentes às comunidades de terreiros, possibilitando o aprendizado da concepção de cidadania e de direitos e deveres desde muito cedo.
É evidente que há (muitos!) “centros” e “casas” de jurema na cidade e região, e ao lado delas, nas residências de inúmeras pessoas, existe também uma gama de práticas através das quais as pessoas manejam cotidianamente forças, uma ciência podemos dizer.
Essa ciência a qual ela se reporta está associada aos lugares de produção de saber recorrentemente desconsiderados ou colocados em questão pelo empirismo que os marcam.
Nesta primeira fase da vida espiritual Alex Gomes conviveu com muitas entidades, dentre as quais ressalta Pedro Genésio, Pedro Palmeira, Vó Calu, Cobra Coral, os mais lembrados, mas só recebeu Zé da Pinga aos dezesseis anos.
Segundo a literatura acadêmica, Jurema é o nome atribuído tanto à bebida feita a partir de uma árvore de mesmo nome (bebida essa que pode ser ingerida em rituais de comunidades indígenas.