A série de textos publicados aqui na Senso buscou debater que grupos sociais produtores e promotores, da sua forma de pensar o poder, produzem a ignorância como um projeto sistêmico e intencional de prevalência de uma visão ideológica frente a outra.
Racismo
É a verdadeira morte social a partir da ignorância política/deliberada de uma vida, histórias, culturas, ancestralidades e religiosidades, estes últimos dois pontos, os temas de que trataremos neste texto, também a partir de um exemplo. Seguimos!
O silêncio pode ser considerado, em muitos casos, um dos instrumentos mais eficazes na manutenção do poder e do controle. Silenciar, nesse sentido, indica um processo de retroalimentação das normas instituídas e que emanam daqueles que se compreendem como os únicos legitimados a dizer, a se manifestar e a ocupar, com prestígio, os espaços simbólicos e concretos.
Como é possível, em um tempo no qual se alimentam ódios e intolerâncias, se consomem discursos que obliteram a tensão, normatizam a homogeneidade e enfraquecem a diferença, pensar em narrativas de afeto, de subversão e de transformação de nós mesmos e da realidade que nos circunda?
São quatorze horas e vinte e sete minutos, do dia 25 de novembro de 2019. Cinco dias depois de celebrarmos nacionalmente os exemplos de resistências coletivas das lutas das populações afro brasileiras em memória ao dia 20 de novembro, nos deparamos com a reportagem ‘Criminosos me trataram melhor do que a Justiça’, diz cabeleireiro preso por 16 meses sem provas, de Rogério Pagnan, publicada pela Folha de São Paulo.
As discussões sobre o racismo tocam, de modo profundo, nas feridas de uma sociedade em que a cultura, a história e o imaginário se consolidaram em processos abruptos de destruição da dignidade, do corpo e da tradição da população negra.
As alianças acompanham os processos pelos quais nos tornamos humanos. É possível dizer que a nossa humanidade é fruto da repetição, da constituição discursiva e valorativa que, aos poucos, dão forma à nossa realidade.
Algumas pessoas julgam desnecessário trazer à luz a discussão sobre o racismo religioso. Para elas, não faz sentido dizer que há racismo nessa modalidade e que a preocupação que gira em torno da intolerância religiosa abarcaria todas as questões que materializam o ódio em relação às diferentes experiências religiosas.
Chegamos ao fim desta sequência de textos. Todo o nosso itinerário até aqui foi marcado pela denúncia e pela reflexão.
É muito comum que nós, negros e negras, olhemos ao nosso redor e percebamos que o mundo não nos representa.