“A nossa comunhão poderá um dia afetar a comunhão maior”, com essas palavras um ativista católico gay defende, em um evento religioso, a necessidade de forjar alianças entre diferentes movimentos, coletivos e igrejas que encabeçam a luta pela cidadania religiosa LGBTI+ e pela ampliação de espaços seguros de fé para essa população.
LGBTI
Mais de 200 pessoas participaram da Ceia de Natal LGBTI+, organizada pelos Voluntários Arco-Íris, em parceria com o Grupo Dignidade, no dia 21 de dezembro, na Catedral Anglicana de São Tiago, em Curitiba.
Antes de começar a ler esse artigo, preciso que saiba: esse é um texto de comadres! Não tem como eu começar a escrever sem me emocionar com a ideia de que estarei presente neste histórico momento para o cristianismo inclusivo e afirmativo da América Latina.
Em artigo intitulado Por mais viadagens teológicas, André Musskopf afirma que, além da religião ser um dado da cultura, “não há como pensar a cultura sem pensar na forma como as diferentes expressões religiosas se materializam como manifestações culturais” (2015, p. 35).
Ao contrário de outros credos, o judaísmo não crê numa relação vertical entre o divino e o ser humano, em que D’us estaria acima de suas criaturas; mas sim numa relação horizontal.
Portanto, cabe questionarmos: se gestos e atos de fala podem realizar a transubstanciação do pão em corpo de Cristo, por que não poderiam também participar ativamente da performatividade histórica da suposta verdade dos gêneros e da sexualidade?
A forma de se professar a fé não pode, e nem deve, incitar ao ódio e à violência.
A Transgeneridade também é uma manifestação de Deus, pois o próprio Cristo faz a transição de gênero, sendo o primeiro homem trans da história. E não é difícil entender essa lógica.
O Estatuto da Família, no entanto, não acompanha esse mesmo espírito, porque parte de premissas restritivas e não amplificadoras.