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A beleza da diversidade étnica e religiosa

A beleza da diversidade étnica e religiosa

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PLANO DE AULA

Classificação: Ensino Fundamental II e Médio

Justificativa

Em tempos de tantos conflitos étnicos e religiosos, no Brasil e no mundo, a arte pode ser um interessante caminho para despertarmos em nossos alunos uma reflexão sobre “A beleza da diversidade étnica e religiosa”.

A arte e a religião são expressões presentes em todas as sociedades humanas, ambas estão associadas à dimensão transcendental do ser humano. A partir da arte e da religião as pessoas são capazes de expressarem seus valores, suas visões de mundo, seus projetos de vida, seus medos e suas esperanças.  No decorrer da história, os mais distintos grupos étnicos e religiosos têm encontrado na arte a possibilidade de representarem e compartilharem com a comunidade sua crença no indizível, mas também nos seres humanos.

Nossa intenção é propor um projeto em que a arte seja a principal fonte para leitura do mundo. Um trabalho em que a partir da apreciação e produção de arte, os alunos possam aproximar-se de maneira sensível e extremamente respeitosa de distintas experiências de fé e religiosidade.

© Fernando Frazão / Agência Brasil

Entre as várias expressões artísticas, escolhemos para trabalharmos com o Ensino Médio e o Ensino Fundamental II, o grafite. Alvo de preconceito, o grafite é visto por muitos como uma arte menor, por estar muitas vezes situadas nas ruas, nos cantos sujos e escuros da cidade. Os alunos deverão realizar leituras de algumas obras de grafiteiros em diálogo com alguns trechos da “Cartilha da Diversidade e Direitos Humanos”. Acreditamos que este diálogo poderá propiciar aos alunos o reconhecimento da beleza da diversidade étnica e religiosa, em detrimento de posturas de desrespeito e práticas de violência.  Esperamos que esta leitura que parte, num primeiro momento, da emoção à leitura dos grafites, promova também uma reflexão crítica sobre a importância de colaborarmos para a formação de uma sociedade mais solidária, que não considere o outro como uma ameaça, mas que reconheça que de fato, como afirma Eduardo  Kobra em seu painel, “Todos somos um”.

© Programa Elos da Saúde
© Programa Elos da Saúde

O Mural Etnias, batizado como Todos somos um, é um painel situado no bairro da Gamboa, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. Com 15 metros de altura e 170 metros de comprimento, foi pintado pelo artista Eduardo Kobra na fachada de um antigo armazém em virtude dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016. Situa-se em frente à Parada dos Navios do VLT Carioca, na Orla Conde. Seu principal tema é a união dos povos da terra e da diversidade dos grupos. étnicos dos cinco continentes.

“Diversidade Religiosa” realizado no Centro de Municipal de Saúde Milton Fontes Magarão, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.

Objetivos

  • Identificar as relações entre a arte e a religião.
  • Reconhecer a arte como possibilidade de representação da realidade material e transcendental.
  • Reconhecer a arte como experiência estética.
  • Refletir sobre o processo de criação do artista, sua intencionalidade, o contexto em que a obra está inserida.
  • Desenvolver a prática da observação do grafite a partir de um diálogo reflexivo com a obra de arte.
  • Reconhecer a importância de estabelecermos correlações entre a obra de arte e nossas experiências pessoais.
  • Sentir-se motivado a produzir artisticamente.
  • Identificar a partir da arte do grafite A beleza da diversidade étnica e religiosa.

Conteúdo

  • Arte e religião
  • Artes visuais: grafite e religião
  • Conviver com as diferenças
  • Diversidade étnica e religiosa
  • Reflexão sobre preconceito e discriminação

Materiais

  • Seleção de grafites que abordem a diversidade étnica, cultural e religiosa
  • Seleção de grafites com temáticas religiosas (em projeção e impressos).
  • Projetor multimídia.
  • Papel pardo (para fazer o mural)
  • Material para desenho: lápis de cor, giz de cera, canetas hidrocor.
  • Material para grafite ou pintura em painéis: tinta, pincel, spray.

Metodologia

Primeiro momento: Motivação

  • Apresentar aos alunos o tema que será tratado: “A beleza da diversidade étnica e religiosa” e explicar que este será desenvolvido a partir da análise de alguns grafites.
  • Conversando sobre grafite:
    • Projetar e apresentar alguns grafites (de diferentes temáticas) realizados por artistas nacionais e estrangeiros, localizados em vários países.
    • Levantar com os alunos o que sabem sobre a arte de grafitar, questionar sobre as diferenças entre grafite e pichação, questionar se já viram grafites pessoalmente, em qual localidade, quais eram as temáticas, o que acharam. Indicar sites de pesquisa para os alunos que queiram aprofundar a questão do grafite /pichação.
    • Convide-os a conhecer e analisar a importante obra Etnias, do grafiteiro brasileiro Eduardo Kobra.
    • Procure fazer um breve levantamento de repertório sobre o artista e algumas de suas obras.
    • Junto com os dados que os alunos que o conhecem forem apresentando, esboce uma pequena biografia do artista.
    • Contextualize o período em que Etnias foi realizada (Olimpíadas de 2016).
    • Apresente algumas curiosidades sobre a obra, como por exemplo,  ter sido inspirada nos cinco arcos olímpicos, ter sido considerado o maior grafite do mundo realizado por um único grafiteiro, etc.
    • O professor poderá convidar um grafiteiro para conversar com os alunos, para apresentar seu trabalho, tirar dúvidas dos alunos.

Segundo Momento: Analisando os grafites – A beleza das diferenças

  • Organizar os alunos em grupos, de modo que cada grupo fique com um dos “sujeitos” representados no mural Etnias, de Eduardo Kobra (levar as imagens impressas em A3, deixando espaço, na mesma folha, para que os alunos possam anotar suas observações). É importante que os alunos tenham contato com a imagem e possam admirá-la por longo tempo. Oriente-os a analisar a pessoa representada, com relação aos seguintes aspectos: como são traços físicos, qual a expressão facial, que tipo de roupas usam, quais adereços, procurar identificar qual continente a pessoa representa. Peça para que discutam sobre a importância do grafite como arte de rua. (essas orientações podem ser entregues impressas juntamente com as imagens)
  • Peça para que cada grupo apresente seus cartazes aos demais; explicando as considerações que chegaram sobre a imagem.
  • Após todos os grupos se apresentarem, exponha os cartazes no mural da classe. Ao lado dos cartazes, cole os Artigos 1 e 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A seguir, peça para que os alunos relacionem os sujeitos, analisados por eles, do Mural Etnias, com os dois artigos. Procure ressaltar aspectos como as diferenças e semelhanças entre essas pessoas; como devem ser as relações entre pessoas tão diferentes fisicamente, mas ao mesmo tempo tão parecidas quanto aos sentimentos, medos, desejos, projetos; questionar sobre quais as dificuldades que eles devem enfrentar em seus continentes; debata com os alunos a importância de saber respeitar e conviver com as diferenças (não apenas nas Olimpíadas, por exemplo, mas no cotidiano).

Terceiro Momento: Analisando os grafites – Respeito e valorização da diversidade religiosa

Análise dos grafites

  • O professor deve convidar os alunos a sentarem em círculo para conhecerem o trabalho de alguns artistas brasileiros sobre religião.
  • Projetar algumas fotos de grafites que representam a diversidade religiosa.
  • Conversar com os alunos sobre os grafites projetados:

O que acham das imagens? Se gostaram? O que mais chamou a atenção?

Do que tratam as imagens? Quais as religiões que estão representadas? (analisar com os alunos os adereços dos personagens, os traços físicos, etc.) Questionar se conhecem todas as religiões representadas no grafite? Questionar se a religião (para aqueles que são religiosos) está representada nos grafites. Pedir que falem um pouco sobre sua religião. Questionar por que são representadas várias religiões? Questionar se no Brasil temos várias religiões? Se todas convivem pacificamente? O que pensam sobre essa pluralidade de religiões no Brasil?

  • Proponha que os alunos realizem uma pesquisa em periódicos sobre situações de desrespeito a algumas tradições religiosas no Brasil. Solicite que pesquisem dados estatísticos, mapas da violência, depoimentos.
  • Os trabalhos poderão ser apresentados em cartaz ou slides.
  • No dia da apresentação das pesquisas, reúna os mesmos grupos da atividade anterior, entregue trechos do texto da “Cartilha da diversidade religiosa e  Direitos Humanos”. Suscite o debate: peça para que os alunos comparem a realidade pesquisada sobre o desrespeito a algumas tradições religiosas e os princípios que norteiam a Cartilha. Oriente para que reflitam sobre: O que podemos fazer para que haja mais respeito à diversidade religiosa?
  • Após a reflexão nos grupos, os alunos poderão apresentar suas considerações para toda a turma, procurando apontar ações que possam responder à pergunta proposta.

Finalizando o Projeto

Convidar os alunos a fazerem um desenho (no papel pardo) ou, até mesmo grafite em algum espaço da escola (caso a direção autorize), sobre o tema: “A beleza da diversidade étnica e religiosa”.

Sugestão de trabalhos interdisciplinares com os seguintes componentes curriculares: Arte, História, Geografia, Sociologia, Filosofia e outros.

SITES

www.artistasnarua.com.br
www.vestibular.uol.com.br
www.eduardokobra.com
www.metasocial.org.br
www.nacoesunidas.org
www.dhnet.org.br
www.sdh.gov.br