Esta é a primeira palavra que nos vem à mente ao abrir a 26ª edição da Revista Senso. Fazer divulgação científica na área de Ciências da Religião, sem vínculos com instituições religiosas ou acadêmicas e sem fins lucrativos, é uma tarefa árdua. Para nos dedicarmos a outras prioridades profissionais, é preciso sabedoria para pausar projetos. No entanto, a Revista Senso, mesmo que adormecida, seguia presente em nossos projetos de vida.
Após um período dedicado a outros projetos acadêmicos e pessoais, e com a colaboração de amigas pesquisadoras de diferentes abordagens nos estudos de religião, a Senso retorna com uma edição que mantém nossa linha editorial: levar ao público não especializado conhecimento científico de qualidade nas áreas de Ciências da Religião e Teologia.
Quando lançamos nosso primeiro número, em 2017, afirmávamos que dialogar em tempos de polarização é um ato revolucionário. Desde então, a polarização se aprofundou, mas nossa disposição de promover diálogos — sem abrir mão de uma defesa firme dos direitos humanos — permanece. É com esse intuito que nos relançamos.
Por isso, muitos dos temas que apresentamos para reflexão do grande público podem soar polêmicos para algumas pessoas. Nosso objetivo, porém, é dar visibilidade a aspectos da realidade que, frequentemente, se tenta fazer desaparecer.
Este número de reestreia se propõe a isso. A proposta que trazemos neste número é: Pode @ queer/cuir faalar? Aqui, muitas são as vozes cuir falantes. A leitura dos textos permitirá ao leitor mergulhar em um universo pouco conhecido, mas altamente estigmatizado em nossa sociedade, especialmente no que diz respeito às práticas religiosas.
Esta edição foi organizada por pesquisadoras ligadas ao grupo de pesquisa “Religião e Indescência”, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, liderado pela professora Andréa Musskopf, uma das maiores colaboradoras e entusiasta da Revista Senso, além de parceira de pesquisa há vários anos. Agradecemos também às pesquisadoras Giovanna Sarto e Sabrina Amoreira, que nos auxiliaram significativamente na construção desta edição.
Por fim, agradecemos aos leitores que, muitas vezes, nos perguntaram se a Senso havia acabado. Não acabou. Estamos de volta para propor diálogos, sair do senso comum e contribuir para a construção de uma sociedade menos violenta, que respeite as diversas formas de crer e de não crer.
Recomeçar, de mãos dadas, e continuar nossa história.