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Religião e Morte

Religião e Morte

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Dizem os meus conterrâneos do interior de Minas Gerais, querendo buscar algum consolo diante de uma morte inesperada que “para morrer, basta estar vivo”. Parece redundante, mas o povo, em sua sabedoria, parece indicar a iminência constante daquilo que nossa sociedade tenta escamotear: a morte está sempre à espreita.

Escrevendo este editorial, penso o quanto essa realidade me toca e me tocou ao longo de minha história: pai, avô, bisavô e bisavó, tias, amigo, aluno. Perdas irreparáveis que, ao acontecer fizeram e me fazem refletir sobre a brevidade da vida. Apesar dos muitos anos que alguns vivem, de qualquer forma, a vida nos parece breve diante das inúmeras possibilidades às quais se renuncia ao se fazer escolhas. A morte é o sinal de que não podemos tudo, que somos limitados, mesmo diante do desejo de ilimitação.

Para sermos, em alguma medida ilimitados e nos eternizarmos na história, criamos a ciência, a arte, a literatura e as religiões. As religiões carregam, diferentemente das outras realidades, a possibilidade de conservarmos, minimamente, algo de nossa subjetividade e personalidade. Nas religiões criamos subterfúgios para darmos conta de tentar uma vida feliz mesmo diante da iminência da morte que, para advir, somente requer seu contrário, que estejamos vivos.

Nos artigos da presente edição, a Revista Senso quer recolher os vestígios que as religiões deixam em nossas culturas e que nos ensinam a lidar com o limite dos limites, a morte. Em cada artigo, recolhemos, de maneira sucinta e acessível, os consolos que as religiões legaram à humanidade ao longo de nossa história.

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Que a leitura possa ajudar nossas leitoras e leitores a refletir sobre sua própria finitude e construir uma vida boa e feliz antes que o limite derradeiro nos ceife.

Boa leitura.