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O Santo Nome em Vão

O Santo Nome em Vão

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Todo mundo sabe que não se deve usar o santo nome de Deus em vão. Mas é lógico que saber não é suficiente. Vivemos em mundo em que todos sabem um pouco de matemática, mas são poucos os que sabem dividir. Seria até triste, se não fosse tão corriqueiro e se nossos corações já não estivessem tão amargos e insensíveis para as bizarrices do cotidiano. Mesmo assim, me ofende de maneira especial quando ouço os candidatos da corrida eleitoral falando em nome de Deus.

Acredito plenamente que todas as coisas sejam minimamente compreensíveis, desde que aceitas suas causas e conseqüências. Portanto, não acredito que todos os candidatos deveriam fazer propostas das quais eu tenha algum gosto. Eles podem propor o que bem entenderem. Esse é o ônus e o bônus da democracia. Mas, não fico confortável quando tentam justificar suas propostas e suas ações com os símbolos da fé.

Há de se ter respeito pela fé alheia. Aliás, há de se respeitar de fato os símbolos que por vezes norteiam as vidas das pessoas. Religião não é brincadeira do joguinho político no qual a maior preocupação seja a justiça eleitoral. Religião trata de existência, de existir. E evocá-la de modo injusto não poderia ter outro nome a não ser demoníaco. Sim, são ações demoníacas aquelas de candidatos que evocam o nome de deus, dos santos e beatos para justificar seus próprios interesses. Por vezes, só se recorre ao nome de deus porque a proposta é simplesmente injustificável. Apenas o que é supranatural daria àquilo algum sentido. Isso é muito errado.

Se nossa lei não impede que as vozes de tais demônios se espalhem pela sociedade, devemos fazer nossa justa parte, devemos profetizar. A profecia é a leitura oportuna da história e, portanto, a denúncia do que tão logo há de acontecer. Não devemos nos calar diante daqueles que usurpam dos símbolos e poderes de nossa fé em prol de algum benefício próprio.

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Os dias passam e não tardam a trazer uma nova realidade. A história é implacável e ela mesma julga a cada um de nós com suas mãos sedentas por justiça. Que não se profira o santo nome de nenhum deus em vão. E que aqueles que o fazem possam um dia de fato aprender o que é fé. Ao aprender, respeitarão. E ao respeitar entenderam como a maldade se materializou outrora em suas vozes.