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Por uma educação dialógica e plural

Por uma educação dialógica e plural

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Formação Especial para Docente

A aprendizagem a partir de projetos

Foto: Swapnil Dwivedi

Essa série do Especial Docente, tem como objetivo apresentar temas que podem ser trabalhados de forma multidisciplinar na aprendizagem a partir de projetos.

“Esse modelo de ensino estimula o impulso para aprender, intrínseco dos estudantes, sua capacidade de realizar um trabalho importante e sua necessidade de serem levados a sério, colocando-os no centro do processo de aprendizagem”.

As ações de um projeto não são rígidas, todavia é importante conter: ÂNCORA; TRABALHO EM EQUIPE COOPERATIVA; QUESTÃO MOTRIZ; FEEDBACK E REVISÃO; INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO; OPORTUNIDADE E REFLEXÃO; PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO; RESULTADOS APRESENTADOS PUBLICAMENTE, E, VOZ E ESCOLHA DO ALUNO.

Toda religião oferece, para os/as fiéis que aderem a ela, uma proposta de mística que compreende o sentido da vida e a afirmação que a vida tem sentido. No contexto das instituições escolares essa pluraridade de sentidos devem convergir num projeto pedagógico de caráter acadêmico, que se expressa por meio do cuidado, da abertura, da humanização e da educação para a cidadania. Na educação da juventude, as ciências da religião, devem estar em sintonia com estudo do ser humano, com a ética e a vida do povo, em que muitos saberes já circularam de forma significativa. Nesse sentido, a escola é transformadora se for espaço de acolhida. Segundo Boff (2004), os seres sentem prazer em acolher os outros, em coexistir com os outros, na total gratuidade, sem nenhuma justificativa. Assim, compreender é olhar para o ser humano a partir doencontro de muitas dimensões, de muitos âmbitos e significados.

Mas como educar?  Como educar nos dias de hoje? Como preparar um jovem para a pluraridade de pensamentos?

De fato, nós educadores, percebemos que a escola de hoje não atende às expectativas dos jovens. É muito comum ouvirmos essa pergunta do estudante do Ensino Médio: Por que eu tenho que aprender isso, se não tem sentido para a minha vida?

É certo que o estudante do século XXI observa o mundo na mesma velocidade que ele se transforma, num olhar rápido, mutável e inconstante. Cada vez mais os jovens buscam redes de debates, de expressão pela arte, pelo corpo, pela escrita criativa,  lugares de escuta  que  possam  formular hipóteses e soluções acerca de todas as construções imagéticas de seu mundo intelectual, espiritual e físico. A escola de vanguarda peleja na tentativa de superar o modelo baseado na transmissão e acúmulo de informações  e de tirar o jovem do estado de inércia à frente de um ensino que não o desafia a pensar de forma crítica e multidisciplinar, tampouco oferece espaço para escuta.

SENTIDO

Tudo aquilo que conhecemos se consolida na mente quando damos a algo um sentido. E o que constrói o sentido é uma curiosidade, uma pergunta de base. Um professor deve reconstituir a inquietação de base, a razão de ser que leva alguém a chegar a uma explicação, a uma teoria, a uma ideia. No modelo de educação dialógica e crítica, não há limites no saber e no ensino. Isso nos aproxima ora mais, ora mesmo, de uma resposta para os problemas com que lidamos, ampliamos a base de referências que usamos para explicá-los e o tamanho da audiência com que queremos compartilhá-lo.

POSSIBILIDADE – PROJETO 1

A DIFUSÃO DA INTOLERÂNCIA PELAS REDES SOCIAIS

ÁREA DE CONHECIMENTO
CIÊNCIA DA RELIGIÃO, HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

TEMAS TRANSVERSAIS
ÉTICA, EDUCOMUNICAÇÃO E DIREITOS HUMANOS.

INDICADO PARA ALUNOS DO 8º E 9º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

PASSO 1 – ÂNCORA: 

ESSA É A BASE PARA SE PERGUNTAR

UMA ÂNCORA SERVE PARA FUNDAMENTAR O ENSINO EM UM CENÁRIO DO MUNDO REAL.  Como um artigo, música, imagem, símbolo, recorte histórico, notícia, poesia, filme, recortes reflexivos:

“Pense em reuniões de família, mesas de bar, eventos acadêmicos, grupos de WhatsApp, timelines do Facebook. A impressão que se tem é que nunca se debateu tanto, certo? Errado. “troca de ideias em que se alegam razões pró ou contra, com vista a uma conclusão”, segundo o “Aurélio”, o debate parece sumido faz tempo. O que se vê, na prática, é um imenso bate-papo, que todo mundo fala, ninguém ouve, e cada um quer apenas expor a sua opinião. (…) num cenário assim, como fica o debate? E mais: entre fake news, lacrações e posts se contexto, como ele vai ficar?” O Globo, com o tema: O debate em debate (2º. Caderno, Bolívar Torres e Emiliano Urbim – 3/2/2108).

“A intolerância nos tempos de cólera”, do presidente do Conselho, Diemerson Saquetto, veiculado na edição de 06 de fevereiro do jornal A Gazeta (www.gazetaonline.com.br).

…depois que uma âncora é fornecida, uma questão orientadora, um problema ou um projeto é determinado, os alunos que trabalham juntos irão se envolver em uma série ações com o objetivo de encaminhar soluções para o problema, que nesse caso pode ser: “A DIFUSÃO DA INTOLERÂNCIA PELAS REDES SOCIAIS”.

  • Fazer um brainstorming sobre as reflexões da âncora na perspectiva da ciência da religião;
  • Identificar uma série específica de tópicos para ajudar a coletar mais informações sobre a questão orientadora;
  • Dividir responsabilidades sobre o recolhimento das informações;
  • Desenvolver uma linha de tempo para o recolhimento de informações;
  • Pesquisar por informações sobre o problema em questão;
  • Sintetizar os dados coletados;
  • Tomar decisões cooperativamente sobre como prosseguir a partir desse ponto;
  • Determinar quais informações adicionais podem ser essenciais;
  • Desenvolver um produto que permitam que os estudantes comuniquem os resultados de seu trabalho.

“A aprendizagem a partir de projetos, pode contemplar uma série de conhecimentos acadêmicos, bem como insights da vida cotidiana. A ideia é suplementar a aprendizagem realizada em unidades, estabelecendo correlações entre a vida real e o ensino”.

EVITE AS ARMADILHAS

Não use tecnologia só porque ela está disponível ou é divertida. A tecnologia pode ser usada, mas não é o foco central do projeto. Use a tecnologia como ferramenta de aprendizagem.

Cuide da divisão de tarefas entre alunos. Quando existem ideias centrais que todos precisam compreender ou habilidades críticas que todos devem adquirir, a divisão de trabalho pode produzir aprendizagens e comprometimentos diferenciais com a tarefa. Estruture o trabalho do grupo de um modo que todos os alunos aprendam conceitos essenciais.

Não permita que a atividade guie o conteúdo de ensino. Permita que o conteúdo de ensino guie a atividade. É muito melhor partir do conteúdo, ou seja, de ideias poderosas centrais ou conceitos complexos e depois planejar atividades agregando as vivências e informações complementares.

LEITURAS SUGERIDAS

BENDER, Willian N. A aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI – Porto Alegre: Penso, 2014.

BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseadas em projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.