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Direitos humanos para as mulheres: o que a religião tem a ver com isso? (IV)

Direitos humanos para as mulheres: o que a religião tem a ver com isso? (IV)

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Texto adaptado da Dissertação: “PELO SAGRADO DIREITO DE DECIDIR”: A contribuição de Católicas pelo Direito de Decidir nas discussões sobre laicidade, direitos reprodutivos e descriminalização do aborto no Brasil.

Leia também:
Direitos humanos para as mulheres: o que a religião tem a ver com isso? (Parte I)
Direitos humanos para as mulheres: o que a religião tem a ver com isso? (Parte II)
Direitos humanos para as mulheres: o que a religião tem a ver com isso? (Parte III)

Chegamos ao último texto da série Direitos das mulheres: o que a religião tem a ver com isso? E como vocês puderam observar, os textos procuraram apresentar de maneira breve, como a religião influência na não consolidação dos direitos das mulheres, ao mesmo tempo em que, uma perspectiva teológica, quando engajada com a vida cotidiana das mulheres, pode contribuir com uma reflexão ética, solidária e emancipatória em relação às mesmas.

Minha preocupação foi publicar textos que pudessem mostrar com clareza a importância de se pensar os direitos humanos das mulheres.

Mas, você pode até me questionar da seguinte forma:

 – Ah! Mas se os direitos são “humanos” as mulheres estão incluídas, não é preciso falar sobre esse assunto.

Então eu te respondo: Sim! Compreendo que HOJE, o termo humano e humanidade represente e abarque pessoas de todos os sexos e gêneros. Mas é preciso enfatizar que NEM SEMPRE FOI ASSSIM. A compreensão de que as mulheres são tão seres humanos quanto os homens é muito recente e que, apesar da “igualdade” recente perante a lei, ainda se mantém fortes estruturas de poder que sustentam o privilégio masculino, seja em ambientes de trabalho, espaços políticos ou/e religiosos.

Por isso, é importante manter a reivindicação pelos direitos humanos das mulheres, porque a nossa humanidade, ainda tem encontrado dificuldade de ser compreendida e aceitada.

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A religião em muitos casos vem sendo evocada com o intuito de demonizar a luta pelos direitos fundamentais e específicos das mulheres, alegando que essa luta representa a decadência da moral e dos bons costumes, reforçando a ideia de que existe, e deve vigorar sobre o país, um parâmetro moral e ético estritamente cristão, que valoriza as diferenças entre as mulheres e homens de maneira desigual.

Os efeitos desse discurso podem ser vistos em espaços religiosos e seculares, em matérias de revistas de magazine que evidenciam o valor da mulher “bela, recatada e do lar”, discursos e discipulados voltados para as mulheres no qual se exalta a beleza da “pureza” feminina, e a maternidade como um dom irrecusável dado por Deus e o casamento como a finalidade única das “princesas” de Jesus.

Portanto, essa série de textos teve como objetivo provocar possíveis leitoras e leitores sobre a necessidade de se romper com o discurso de controle dos corpos femininos por parte do Estado e da Igreja, reivindicar a laicidade do estado, e questionar os sistemas de poder que mantém as mulheres como o “segundo-sexo”.

Além disso, evidenciar a possibilidade de a religião ser um espaço que promove os direitos das mulheres, tendo um olhar mais atento para o protagonismo das mulheres nas diversas tradições, reconhecendo na teologia e na hermenêutica feminista um caminho viável para que se possa construir uma ética-teológica mais condizente com a vida cotidiana das mulheres.