12ª Edição Religião e Diversidade Sexual e de Gênero
Seguindo seu propósito de promover o diálogo entre as Ciências da Religião e outras áreas, campos e epistemologias, e buscando fugir do lugar comum, essa 12ª edição da Revista Senso traz como reflexão os encontros e desencontros entre Religião e Diversidade Sexual e de Gênero.
Desde muito cedo as questões de gênero e sexualidade estão atravessadas em nossas vidas e isto, claro, não seria diferente no campo das diversas religiosidades e sensos religiosos que absorvem, compartilham, reiteram e, com efeito, cocriam as diversas prescrições, normas e desigualdades de gênero e sexualidade que já conhecemos tão bem.
Por esta razão, é salutar colocar este tema em debate. Tratamos de explorar neste dossiê como teorias extremamente questionadoras como as Teorias Queer e Feminista podem apontar as convergências e limites da teologia tradicional oficial. Mas, também, queremos provocar uma reflexão sobre os desafios apontados pela teologia tradicional oficial para nós, pesquisadoras e pesquisadores de gênero e sexualidade, e que não podemos nos furtar de reconhecer, problematizar e investigar.
Assim, cuidamos de trazer nesta edição não somente as diversidades de gênero e sexualidade, mas também de religiões e as diversas provocações que estes encontros suscitam para a política. Alguns textos abordam as Teologias Queer e Feminista, as representações de gênero no Candomblé e na Umbanda, questionam pressupostos dogmáticos do catolicismo e provocam interessantes reflexões sobre a produção de subjetividades de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneras, intersexo e de demais identidades de gênero e sexualidade (LGBTI+) no cristianismo e judaísmo. Como atravessamentos, outros textos trazem indagações pertinentes a respeito da liberdade de expressão religiosa e o conflito desta questão com a violência LGBTIfóbica. Outros problematizam as concepções de família, casamento, laicidade, igrejas inclusivas e o uso retórico do sintagma “Ideologia de Gênero”, tão atual nas disputas políticas deste nosso momento.
É importante ressaltar que este dossiê não tem a pretensão de esgotar a questão. Nem poderia. As religiões orientais e o espiritismo não foram contemplados, para dar dois exemplos. Nosso objetivo aqui, no entanto, é contribuir para um debate que já está posto e, com efeito, promover outros encontros. Queremos reafirmar a necessidade de colocar o tema em debate. Queremos reafirmar a necessidade de um diálogo, contudo, um que não seja simplista e que encare com espírito questionador os desafios epistemológicos de ambos os lados.
Este dossiê é um convite, antes de tudo!
Doutorando em Tecnologia e Sociedade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Mestre em Comunicação, pela Universidade Federal do Paraná (2015). Pesquisa performatividade, pragmática da comunicação, tecnologias de si, humanidades digitais, cibercultura e diversidade sexual e de gênero. É diretor de Comunicação e Pesquisa do Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) e coordenador de Comunicação do Grupo Dignidade. E-mail: hu.souza@gmail.com. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.