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Conhecer um pouco mais os 500 anos da Reforma Protestante

Conhecer um pouco mais os 500 anos da Reforma Protestante

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PLANO DE AULA

Classificação: Ensino Fundamental II

Justificativa

O movimento protestante nasceu no seio da Igreja Católica, mas logo se separou dela. Quando Martinho Lutero anunciou as suas famosas teses, protestando contra os abusos que alguns representantes da Igreja praticavam (na ocasião havia muita corrupção no clero), não pretendia fundar uma nova Igreja, mas reformar aquela a que pertencia – uma vez que ele era padre católico da Ordem de Santo Agostinho (OSA).

A dificuldade de falar do protestantismo é que existem diversas igrejas e denominações nesse segmento, cada qual com características próprias, cada qual com características próprias. Na Alemanha, onde a Reforma nasceu, os adeptos do protestantismo são chamados também de evangélicos. No Brasil, popularmente, esse termo se aplica mais aos pentecostais e aos neopentecostais, que também são chamados de crentes.

Portanto, Protestantismo é uma religião que adotou as doutrinas desenvolvidas na Europa, como resultado dos movimentos para reformar a Igreja Católica. O protestantismo é um dos ramos do cristianismo, que surgiu do movimento que rejeitou a autoridade romana e estabeleceu reformas nacionais em vários países do norte da Europa, como o Luteranismo na Suécia e parte da Alemanha, o Calvinismo na Escócia e em Genebra e o Anglicanismo na Inglaterra.

Objetivos

  • Mostrar a identidade protestante por trás da diversidade de denominações;
  • Discutir aspectos essenciais e polêmicos do protestantismo.

Metodologia/Desenvolvimento

Os alunos deverão conhecer a identidade protestante e suas denominações a partir de imagens. Uma vez tendo este conhecimento, cada poderá expressar em sala de aula os aspectos essenciais do protestantismo.

Observe a imagem abaixo, para conhecer melhor a identidade protestante e, na sequência, discutir sobre a relevância da doutrina protestante.

Os reformadores: Wycliffe, Huss, Lutero, Zwínglio, Calvino, Melanchton, Bucer e Beza (1886).

A) A imagem sugere que a problemática central desses reformadores era o retorno à Bíblia, às Sagradas Escrituras, traduzidas e consideradas como o único fundamento da fé e da conduta para todos os seres humanos. Explique um motivo pelo qual a adoção desse princípio foi uma das causas das reformas religiosas no século XVI.

B) Na imagem, Calvino e Lutero estão enfileirados em primeiro plano, ressaltando a importância de suas propostas para a criação de novas igrejas, reformadas, na Época Moderna. Apresente duas diferenças entre o luteranismo e o calvinismo.

A base da teologia de Martinho Lutero reside na ideia da completa indignidade do homem, cujas vontades  estão sempre escravizadas ao pecado. A vontade de Deus permanece sempre eterna e insondável e o homem  jamais pode esperar salvar-se por seus próprios esforços. Para Lutero, alguns homens estão predestinados à  salvação e outros à condenação eterna. O essencial de sua doutrina é que a salvação se dá pela fé na justiça,  graça e misericórdia divinas.

Adaptado de Quentin Skinner, As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 288-290.

C) Segundo o texto, quais eram as ideias de Lutero sobre a salvação?

D) Quais foram às reações da Igreja Católica à Reforma Protestante?

© Thiago A. Nunes

A Reforma Protestante foi o movimento de contestação à doutrina da Igreja Católica, teve como principal líder o alemão Martinho Lutero. Apesar de ter sido um movimento religioso, provocou mudanças em outros setores da cultura europeia. Favoreceu, por exemplo, a formação dos Estados nacionais, ao propor que cada nação se libertasse do poder do papa.

A Igreja Católica, porém, logo se organizou contra a Reforma. Na verdade, desde o início do século XV havia essa reação espiritual, mas apenas no século XVI essa reação viria a constituir a Contra-Reforma.

Com a ação das grandes ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, a Igreja Católica retomou sua força e construiu novas e grandes igrejas. A arte voltava a ser vista como um meio de ampliar a influência católica. Dessa maneira, o Absolutismo e a Contra-Reforma, podem ser ainda somados outros eventos importantes como a Revolução Comercial, resultante do ciclo das grandes navegações que modificou os sistemas econômicos até então vigentes e favoreceu as descobertas de novas terras. A própria cultura barroca seria instrumento ideológico de uma classe poderosa, a burguesia, que via naquela um agente de seu interesse, principalmente na Holanda, Bélgica e França. Assim, a opinião pública, pré-condicionada, foi manipulada por inúmeros artifícios, notadamente nas artes plásticas, no teatro e nos festivais religiosos.


Referências

ATKINSON, J. Lutero y el nascimiento del protestantismo. Madrid: Alianza Editorial, 1987.

LINDBERG, Carter. Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001.

LUTERO, M. Da Liberdade Cristã. São Leopoldo: Sinodal, 2007.

OLIVEIRA, K. L. (Org.); SCHAPER, V. G. (Org.); WESTHELLE, V. (Org.); GROSS, E. (Org.); REBLIN, I. A. (Org.). Religião, política, poder e cultura na América Latina. 1ª ed. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, 2012.

WESTHELLE, Vitor. Os desafios do luteranismo, hoje [03.11.2008]. Revista IHU On-Line, V. 8, nº 280, ano VIII. São Leopoldo: Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Entrevista concedida à Graziela Wolfart.

Cadernos de Teologia Pública – 500 Anos de Reforma – Luteranismo e Cultura nas Américas – Vitor Westhelle.

Artigo semanal, segunda-feira, 31 de outubro 2016 – Marcelo Barros.


Resposta das perguntas que estão no corpo do trabalho.

Resposta do item A. A gravura faz uma referência explícita à centralidade da Bíblia, considerada única fonte de autoridade religiosa e única regra em que o crente deve acreditar. A livre interpretação da Bíblia eliminava a necessidade e o valor da hierarquia eclesiástica; introduzia as línguas nacionais nos ofícios religiosos e estimulava a tradução da Bíblia de modo a torná-la diretamente acessível aos crentes. Assim, o acesso direto ao texto sagrado convertia-se em um forte instrumento de contestação da autoridade espiritual e temporal da Igreja Católica.

Resposta do item B. As principais diferenças entre calvinismo e luteranismo eram quanto à doutrina da salvação – o luteranismo defendia que apenas a fé em Deus salvaria, enquanto o calvinismo acrescentava de forma explícita a doutrina da predestinação – e quanto à difusão: o luteranismo se concentrou naqueles países onde recebeu o apoio direto das autoridades políticas (a nobreza germânica e a monarquia na Dinamarca, Suécia e Noruega), enquanto os calvinistas penetraram na Escócia (conhecidos como presbiterianos), na França (huguenotes), e na Inglaterra (puritanos), onde foram perseguidos e imigraram em grande número para a América. Além disso, o calvinismo se diferenciava do luteranismo pela sua valorização do trabalho e do enriquecimento material fruto do empenho honesto, vistos como sinais da salvação, o que lhe rendeu um explícito apoio da burguesia.

Resposta do item C. O aluno deveria perceber, a partir da leitura do texto, que, para Lutero, o homem não pode salvar-se por seus próprios esforços, mas pela fé na justiça divina. Lutero acreditava também na predestinação, isto é, alguns homens estariam predestinados à salvação e outros à condenação eterna.

Resposta do item D. Poderiam ser mencionados vários aspectos da Contra-Reforma, entre eles a ação de ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, a elaboração de um Índice dos Livros Proibidos e a criação de seminários.